Para além dos repasses via caixa dois, pagamento de propinas e presentes luxuosos, o rol de negociações da Odebrecht para obter vantagens também incluía a interferência em editais de obras públicas em seu benefício. O ex-executivo Henrique Pessoa Neto relatou aos procuradores da Operação Lava Jato como a manobra foi operacionalizada nas obras da Usina Nuclerar de Angra 3, no Rio de Janeiro.
No empreendimento em questão, entre 2009 e 2011 a Odebrecht se juntou a UTC, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa em um consórcio para disputar a obra – comandada pela Eletronuclear.
Em seu depoimento, Henrique relata que atuou “para obter informações confidenciais diretamente da Eletronuclear (…) possibilitanto influenciar alterações nos documentos da licitação, a fim de restringir a concorrência e garantir que seríamos vencedores no certame”. Segundo ele, os intermediários na estatal nuclear eram Luiz Soares, Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Othon Pinheiro – este último, presidente da Eletronuclear à época.
Intervenção
Assim, segundo o delator, o consórcio conseguiu obter informações privilegiadas sobre critérios de pré-qualificação e até dos próprios termos do edital. “Algumas cláusulas foram adaptadas”, afirma Henrique. A celebração do contrato ainda passou pelo pagamento de R$ 1 milhão a Thiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedras, do Tribunal de Contas da União (TCU), para dar continuidade à licitação, além da constratação da sobrinha do ministro do TCU Raimundo Carreiro pela Odebrecht. O contrato foi assinado em setembro de 2014.
As irregularidades no processo licitatório também foram relatadas nas delações de executivos da Camargo Corrêa. As fraudes no contrato de Angra 3 foram objeto da 16ª fase da Lava Jato.
A defesa de Othon Pinheiro afirma que os fatos relatados não correspondem à realidade.
(Fonte: Destak)